quinta-feira, 1 de junho de 2023

Em busca de João Torquato e Joana Pereira

 

Imagem retirada do link -> https://isabelacouto.com/2016/10/16/ancestralidade/#jp-carousel-3630
Imagem Ancestralidade


    Desde pequeno que ouço falar de João Torquato e Joana Pereira meus trisavós maternos, fosse por ouvir conversas dos adultos durante as refeições, ou até mesmo de memorias principalmente de tia Luzia (essa sempre tinha uns momentos que recordava acontecimentos passados em sua vida e de seus irmãos e expunha-os para mim). E durante muito tempo assim foi, recordo-me de algumas vezes ela se dirigir a eles como vó Joana e vô João, ela mulher negra filha de Francisco  Dantas Passos e uma índia (etnia Kiriri), oriunda da localidade conhecida como Paiaiá distrito pertencente ao município de Nova Soure, descendente de ex escravizados, agricultora, mãe de dez filhos, senhora de sua casa e sua vida, ele descendente de europeus que vieram durante a expansão da colonização do território brasileiro, oriundo da localidade conhecida como Vila Rica (atual Crisópolis) homem rico, proprietário de terras e criações de animais.  Após casarem foram morar na localidade conhecida como Icó Miúdo distrito pertencente a Nova Soure, pois ali eram terras dos pais dela. Dessa união foram gerados doze filhos sendo três homens José Pereira (Zé), Acelino Pereira (Sena) este se criou em Ilhéus no sul da Bahia e Teodoro Pereira (Duda) e nove mulheres sendo elas Maria Pereira (Maria Joelho), Josefa Pereira (Cabocla), Claudiana (Coló), Suzana, Josefa Pereira (Seuni), Maria Otília (Rola), Maria Alves (Sinhá ou Nagô minha bisavó), Maria José (Fia) e Áurea Alves (Nina).

Ainda há muito o que descobrir a cerca de Torquato e Joana, pois muitas coisas não possuem registros oficiais ficando dependente da oralidade dos mais velhos que vivenciaram parte dos acontecimentos.


Texto Profº. Pesquisador. André Almeida

Fonte imagem: https://isabelacouto.com/2016/10/16/ancestralidade/#jp-carousel-3630

A Tríade dos Linos

Triquetra, por vezes chamada de triqueta, é um símbolo celta formado por três arcos interligados. Esse símbolo pagão foi adotado pelos cristãos com o significado de trindade e eternidade. Isso porque a composição das suas formas geométricas faz com que ela se assemelhe a três peixes. No Cristianismo, o peixe é representado justamente pela transposição de arcos.


Vamos conhecer um pouco sobre a Tríade dos Linos os irmãos Elizeu Ferreira, Jonas Lino e Francisco Lino bisnetos do Cap. José Ferreira de Carvalho fundador da cidade de Araci. Estes filhos de José Lino e Ana Arestides (ambos primos) senão vejamos, ele filho de Rita Constantina de Oliveira - Fazenda Madeiras e Virgínio Eloy de Oliveira, ela filha de Francisco do Aristides de Carvalho Maria Ferreira Lima. Rita Constantina Francisco Aristides eram irmãos filhos do Cap. José Ferreira de Carvalho dito isso vamos desvendar a tríade dos Linos. Esses três irmãos na juventude buscaram trabalhar e construir suas vidas sendo que dois deles foram para o sul da Bahia trabalhar nas lavouras cacaueiras, onde lá juntaram dinheiro e voltaram para o nordeste baiano e começaram a projetar suas vidas. 

Elizeu Ferreira foi o primeiro a se estabelecer na região onde hoje conhecemos como Povoado Melancia, aí ele adquiriu uma propriedade e construiu uma casa (segundo relatos era um casarão que se assemelhava aos dos coronéis da época). Casa esta que possuía um armazém em anexo onde eram guardadas as sementes das colheitas, peles de animais, ferramentas de trabalho e etc.

Jonas Lino quando regressou para o semiárido baiano adquiriu algumas propriedades inclusive a que pertencia a seu irmão Elizeu juntamente com a casa, onde ai viveu com sua esposa e criou parte de seus filhos, posteriormente adquiriu outra casa onde hoje localiza-se próximo a praça principal do povoado e até hoje residem alguns de seus descendentes.

 Francisco Ferreira (Chico Lino) quando retornou do sul da Bahia foi morar numa localidade chamada Tingui, posteriormente foi morar na Melancia onde adquiriu uma propriedade numa localidade chamada Capim do Balaio que fica na estrada que liga o Povoado Melancia ao Povoado do Paiaiá aí constituiu família e morou até sua morte.

Os três irmãos casaram-se com três irmãs, estas filhas de Joana Pereira e João Torquato.

Em 1934 Elizeu Ferreira de Oliveira casou-se com Maria Alves de de Jesus (Sinhá) e moraram na Melancia até 1949 quando estes foram morar na localidade conhecida a época como Fazenda Conceição atualmente denominado como Tanque Novo onde Elizeu possuía propriedades e criações de animais. Tiveram dez filhos Maria Benigna Alves de Oliveira, José Alves de Oliveira (in memoriam), Benigna Alves de Oliveira, Ana Alves de Oliveira (in memoriam), Isabel Alves de Oliveira, Antônio Alves de Oliveira (in memoriam), Luzia Alves de Oliveira (in memoriam) e Dorgival Alves de Oliveira sendo que dois faleceram pouco depois de terem nascidos Dimas Alves de Oliveira (in memoriam) e Manoel Alves de Oliveira (in memoriam). Elizeu ainda teve mais três filhos num outro relacionamento estes foram Manoel Conceição dos Santos, Gerson Conceição dos Santos e Luis Conceição dos Santos.

Jonas Lino Ferreira de Oliveira casou-se com Maria José de Oliveira (Fia), tiveram nove filhos sendo eles Manoel Arestides de Oliveira, Idalício Arestides de Oliveira, Moisés Arestides de Oliveira, José Arestides de Oliveira, Orlando Arestides de Oliveira, Rute Arestides de Oliveira, Alaíde Arestides de Oliveira, Auzenite Arestides de Oliveira, e Maria José de Oliveira Cruz.

Francisco Ferreira de Oliveira (Chico Lino) casou-se com Áurea Alves da Silva (Nina) e juntos tiveram doze filhos sendo eles Jessé Ferreira de Oliveira, Francisco Ferreira de Oliveira Filho (Chiquito), Marta Ferreira de Oliveira, Zezé Ferreira de Oliveira, João Ferreira de Oliveira, Lucia Ferreira de Oliveira, Antonio Ferreira de Oliveira (Tota Lino), José Ferreira de Oliveira, Lourdinha Ferreira de Oliveira, Estelita Ferreira de Oliveira, Maria do Carmo Ferreira de Oliveira(Carminha) e Maria Júlia Ferreira de Oliveira.

E dessa forma se constituiu a tríade dos Linos, nas próximas postagens iremos falar mais sobre seus descendentes até os dias atuais.



Texto.: Profº. Pesquisador. André Almeida, 2020

A Prole de Elizeu e Sinhá - Episódio I

 

Fotos de família: Maria Benigna (Lili) e seu esposo Erasmo (in memoria)

Durante um certo tempo busquei levantar informações a cerca dos familiares ascendentes, mas devido dificuldades de buscar novos dados por conta das implicações ocasionadas pela pandemia de COVID-19 que tem acometido toda  população mundial desde final de 2019. Diante ao exposto vamos focar um pouco sobre a estirpe gerada a partir da união entre Elizeu e Maria Alves (D. Sinhá).

    Estes casaram- se em 01 de Maio de 1934 na cidade de Nova Soure-Ba, na Igreja Matriz dedicada à Nossa Senhora da Imaculada Conceição, sem muita informação a cerca dos fatos deste dia.  É sabido que eles foram morar na localidade conhecida como Melancia, esta já foi mencionada em outro texto, para saber mais sobre essa comunidade basta clicar no link a seguir (https://pesquisagenealogia3.blogspot.com/2020/05/povoado-melancia-nova-soure-ba.html), aí nesta localidade Elizeu já possuía terras, criações de animais. Em Fevereiro de 1935 Elizeu e D. Sinhá tiveram seu primeiro filho uma menina a qual deram o nome de Maria Benigna (Lili), esta se tornou aquela que seria durante um tempo a herdeira do casal tanto dos seus bens, como de suas responsabilidades, ajudando seus pais nas obrigações da casa e no manejo dos animais. Aos 14 anos de idade da primogênita estes mudaram-se para a localidade conhecida como Fazenda Conceição (atual Tanque Novo) onde Lili conheceu aquele que se tornaria seu esposo e pai dos seus filhos, Erasmo Costa, este era vaqueiro na região! Casara-se e ficaram morando também na Fazenda Conceição, aí construíram sua casa e tiveram 6 filhos, são eles Noêmia de Oliveira Costa, Edmilson de Oliveira Costa, Antonio José de Oliveira Costa, José Hélio de Oliveira Costa, José Erasmo de Oliveira Costa, José César de Oliveira Costa. Algum tempo depois estes, mudaram-se para a Comunidade do Cabeleiro, onde o casal viveu e criou seus filhos até o falecimento de Erasmo no ano de 2020, atualmente Lili vive com um de seus filhos após enviuvar-se.



Texto: Profº. Pesquisador André Almeida, 2021.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

De onde vieram meus ancestrais???

 

A expulsão dos judeus, em aguarela de Roque Gameiro.
A expulsão dos judeus, em aquarela de Roque Gameiro.

Sempre me pergunto se alguma das histórias que ouvi dos meus tios ou até mesmo da minha bisavó tinham alguma forma de serem confirmadas, porque ao analisar cada pedaço de informação ficava mais encantado ainda com os relatos, algum tempo após começar a conhecer essas histórias continuo me encantando por tais relatos e acontecimentos. Lembro-me de certa vez ouvir que os antepassados de vô Elizeu haviam fugido da Europa, pois estavam sendo perseguidos “numa guerra por serem de origem judia”, essa história me deixou curioso, pois não me recordava de ter ouvido falar sobre perseguições aos judeus com exceção ao episódio do Holocausto, mas então resolvi pesquisar: durante esse intento fui descobrindo que havia registro da presença destes em territórios portugueses e espanhóis, e que devido a conflitos internos esses judeus foram expulsos dos territórios hispânicos e posteriormente lusitanos, principalmente devido a um acordo matrimonial entre D. Manuel de Portugal com uma princesa espanhola, este acabou por promulgar um decreto dando prazo de 10 meses para os judeus deixarem os territórios portugueses. Muitos desses que fugiram de Portugal acabaram por vir para o Brasil e aqui se estabeleceram principalmente nas terras do nordeste brasileiro. Mesmo tendo estes empreendido fuga para além mar afim de não serem mais perseguidos pelo TSOI – Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, encontram-se publicadas as documentações conhecidas sobre três visitações: entre 1591-1795 (Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba), 1618-1620 (Salvador e Recôncavo baiano) e 1763-1769 (Grão Pará e Maranhão). Então assim temos “confirmações” desses relatos sobre essa tal perseguição por serem de origem judia. Recentemente ouvi relatos sobre os antepassados de vó Sinhá onde no decorrer da conversa fui informado de que o pai dela João Torquato era de origem espanhola, agora resta buscar saber se estes antepassados também eram de origem judia e se foram perseguidos.


Texto: Profº. Pesquisador André Almeida, 2020.



Fonte: 

http://historialuso.an.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5139&Itemid=334

https://www.sciencedaily.com/releases/2012/05/120525103750.htm,

http://www.cidadeimaginaria.org/bib/JudeusCaldas.pdf


segunda-feira, 1 de junho de 2020

Como não amar Nova Soure e sua gente?

Nova Soure 76 anos de emancipação política

O que dizer de uma cidadezinha do interior da Bahia sem muita expressão no âmbito nacional? Mas com forte influência nas vidas daqueles que a conhecem e a amam!


Fotos da Sede de Nova Soure - Ba, vista aérea, foto da Igreja Matriz e foto do Mercado Municipal


As pequenas cidades do interior do Brasil sempre tem algo a nos ensinar, seja por sua gente acolhedora, seja pela sua culinária, seja pela sua cultura no geral. Sempre nos deparamos com algo que nos cativa nesses lugarejos e com Nova Soure no sertão baiano não é diferente. Cidadezinha distante da capital Salvador cerca de 240km, mas que tem em sua gente e em sua história muito o que nos ensinar. Cidade essa que já foi representada numa das grandes guerras mundiais, que já enfrentou canguaceiros, já viu inclusive um líder messiânico na figura do Conselheiro eregir uma capela que viria a ser sua Igreja Matriz, suportou e venceu a grande seca, viu seus primeiros habitantes da etnia Kiriris serem catequizados e posteriormente serem expulsos de seus territórios. Cidadezinha essa que possui a maior biblioteca rural do mundo, a Biblioteca do Paiaiá. A sua economia é basicamente agro familiar, pouco desenvolvimento tecnológico, mas com grande potencial desde que sejam bem explorados os recursos existentes.
O município surgiu do trabalho de catequização dos jesuítas, que uniram cinco aldeias em uma só, denominada Natuba, que em tupi-guarani significa "rio que não seca". Acredita-se que os indígenas da tribo dos Kiriris deram esse nome devido à aldeia ter ficado localizada nos arredores de um brejo,banhado por um riacho perene. Com a catequização e a junção de elementos portugueses, foi dada à aldeia o nome de Nossa Senhora da Conceição do Natuba. O município foi emancipado em 1754, e em 1758 recebeu, através de Carta Régia de 8 de maio de 1758, o nome de Vila de Nova Soure. Posteriormente teve o nome abreviado para Soure.
Em nossa amada cidade são realizados os festejos juninos sendo referência em toda a região, sempre inovando tanto com atrações maravilhosas quanto nos ornamentos para o período. A sua gente acolhedora torna este município único em toda a sua extensão. Assim como todo o restante do mundo Nova Soure sofre devido aos efeitos da pandemia de corona vírus, mas sua gente brava e guerreira não se entrega nem desiste de continuar lutando.
Parabéns Nova Soure pelos seus 76 anos de emancipação politica, de luta e história.



Texto.: Profº. Pesquisador. André Almeida, 2020


terça-feira, 5 de maio de 2020

Povoado Melancia - Nova Soure, Ba

Vista da rua principal do povoado com a Igreja em honra a São Sebastião em destaque.
Foto: autor desconhecido
[Como se forma uma comunidade? Quais os processos que passa um determinado local até chegar no status de comunidade? Nessa publicação vamos explicar através de relatos de alguns dos moradores nativos como surgiu a Comunidade da Melancia.]

Segundo as informações coletadas com moradores dessa localidade, essa povoação começou por volta dos anos 1920 com três irmãos, Elizeu Ferreira, Jonas Lino e Francisco Ferreira estes filhos de José Lino  de Oliveira e bisnetos do Capitão José Ferreira de Carvalho fundador da cidade de Araci no sertão da baiano. De acordo com relatos o primeiro morador foi Elizeu que adquiriu uma propriedade no local, a antiga Fazenda Melancia e ali estabeleceu moradia, mais precisamente na "cabeceira" da ladeira da Melancia na estrada que segue sentido ao Povoado do Paiaiá, enquanto seus irmãos também adquiriram propriedades próximas a ele. Jonas adquiriu uma propriedade conhecida como Gruta do Tomé, pois quem tomava conta era um senhor de nome Tomé, enquanto que Francisco foi para a localidade conhecida como Capim do Balaio, na mesma estrada que liga o povoado do Paiaiá ao povoado da Melancia. Em 1949, Elizeu já possuía propriedades na localidade conhecida como Tanque Novo, então vendeu suas propriedades da antiga fazenda Melancia a seu irmão Jonas e foi embora com toda sua família para o Tanque Novo(abordaremos melhor sua trajetória em outro texto).
Ainda de acordo com os relatos alguns moradores foram fixando moradia na Melancia com o auxílio de Elizeu, já que este começou a ceder terras para aquelas famílias que trabalhavam nas propriedades dele, pois muitas moravam longe e com essa prática ele mantinha sempre a mão de obras, ali por perto e desse modo foi surgindo o povoado e ganhando características próprias até os dias de hoje se moldando de acordo com suas necessidades, cultura e saberes. Além destes três irmãos um tempo depois a irmã deles Teodora e seu esposo Migdônio também foram morar no povoado. 
Fato curioso foi que estes três irmãos casaram com três irmãs oriundas do Povoado Icó Miúdo, estas filhas de João Torquato e Joanna Pereira (falaremos mais do clã Torquato em outro texto). E assim deram inicio a uma imensa linhagem. Elizeu casou-se com Maria Alves de Jesus (Sinhá), Jonas casou-se com Maria José Pereira da Silva (Fia) e Francisco casou-se com Áurea Pereira da Silva (Nina).

Texto: Profº. André Almeida adaptação de relatos de moradores, 2020.

sábado, 11 de abril de 2020

POVOADO SÃO MIGUEL DE NOVA SOURE

Vista aérea do centro do Povoado São Miguel atualmente: fotografo desconhecido.

[Como se forma uma comunidade? Quais os processos que passa um determinado local até chegar no status de comunidade? Nessa publicação vamos explicar através de relatos de um dos moradores nativos como surgiu a Comunidade do São Miguel.]


Diálogo com Tio Dorgival de Oliveira  

"...Só sei que quando eu fui tentar adquirir, tinha acabado de chegar de São Paulo [mais esperto] e fui saber como é que conseguiria comprar essa fazenda, porque a fazenda tem rio dentro aí me informaram que não tinha condições porque ela foi retirada de um e entregue a outro, por abandono, que não tinha jeito, principalmente hoje, aí aqueles documentos que eles adquiriram naqueles tempos naqueles cartórios eles grilavam1, iam no cartório davam dinheiro pro escrivão, não tem boca não2É mais fácil conseguir a de Portugal do que a daqui, porque a de Portugal está lá e  sabendo que tem o museu no Porto, com certeza tem riquezas em ouro e tudo mais, era o que pai dizia, aí um dia eu perguntei, por que seu pai não foi lá? Então ele respondeu não, é que na época nós tínhamos a notícia pela gazeta3 e não podia ir porque estava em guerra civil. Teve essa guerra civil em Portugal? Deve ter sido! Aquela briga territorial entre Portugal e Espanha. Teve a guerra da Espanha com o Brasil, quando os espanhóis foram expulsos. 
Em relação a povoação do São Miguel tinham duas casas, a casa da fazenda que estava de pé, tinha o finado Virgílio (pai do finado Silú) e o povo da finada Lira. Depois foi chegando o resto do povo. 
[Essa história de Antônio Gago que dizia que quando morava aqui e depois foi chegando o povo do finado Elizeu?] 
Não! Quem morava ali era o pai de Silú, finado Virgílio. E aí  existia a fazenda e a estrada que descia para a Quixabeirinha encostado a Maurício (pai do conhecido comerciante local Antônio Gelado) tudo era cerca da antiga fazenda, a cerca passava ali encostada na guia da igreja e aqui só tinha uma casa que eu lembro que era a casa do finado Virgílio e a casa da finada Lira lá pra baixo o resto era tudo tronco velho encostado onde hoje é o Povoado do Beré, antigamente chamavam de Tronco Velho da Caatinga de Cheiro, aí era a divisa da fazenda. Aí vô Elizeu comprou todas essas terras da fazenda onde hoje tem os terrenos que pertencem aos filhos. Tudo isso foi comprado a Bentiví, só que essas terras descendo aqui , só que o limite não era essa estrada aqui, o limite era lá na Roça do Estado como era conhecida. Jurití pertencia ao Campo Frio, Fazenda Campo Frio e das mangueiras (atual fazenda de Elizeu no Tanque Novo) por exemplo do lado de cá  pertenciam ao Estado, então tudo que tem pra cá do Tanque Novo até o São Miguel pertenciam ao estado, na época um posseiro só podia ter uma terra no caso uma fazenda não importando o tamanho, então Bentiví optou por lá porque os terrenos eram melhores, aqui só tinha formiga e Saruê4então ele devia um dinheiro a pai (Elizeu) aí pai cobrou e ele disse que só se ele ficasse com a fazenda! Mas a realidade é outra, depois eu descobri que na verdade ele ofereceu a fazenda porque não podia ficar com duas, tudo bem que ele devia dinheiro, mas só entregou a fazenda porque o estado exigiu, ele só entregou a fazenda porque não podia ficar com as duas fazendas realmente ele devia um dinheiro, mas aí optou por lá, ali onde mora o filho Zé de Bentiví ali na estrada que desce para a Quixabeirinha, lá no Tanque Novo pro lado de cá é terreno do estado no caso era! Ali onde é o terreno do finado Edgar, a minha roça que chamamos de Estado o lado direito da estrada que desce para a Quixabeirinha pertencia ao Estado e essa estrada que desce para o Tiósque não existia, aí existia um corredor Essa eu lembro bem a gente (os índios) saíam da caatinga e caíam nessa estradinha que chamavam de trilha, depois foi que ampliaram e começaram a passar carros ali para a Melancia, mas antes tudo era por lá. A fazenda era grande, mas depois foram dividindo em pedaços e o governo do estado foi dando posses para cada um."

1. Ato de envelhecer documento para obter privilégios de forma ilícita.
2. Jargão muito utilizado na região norte/nordeste da Bahia para designar que algo não tem jeito.
3. Gazeta, um periódico, usualmente em formato de tablóide, especializado em algum tema específico. Informativo de grande circulação no período do Brasil colonial.
           4. O gambá-de-orelha-preta, saruê ou sarué (Didelphis aurita) é uma espécie de gambá que habita o Brasil, Argentina e Paraguai. Podendo atingir 60 a 90 centímetros de comprimento e pesa até 1,6 kg, alimenta-se praticamente de tudo o que encontra: insetos, larvas, frutas, pequenos roedores, ovos, cobras, escorpiões, etc.

Texto: Professor André Almeida, 2020

Em busca de João Torquato e Joana Pereira

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