sexta-feira, 28 de agosto de 2020

De onde vieram meus ancestrais???

 

A expulsão dos judeus, em aguarela de Roque Gameiro.
A expulsão dos judeus, em aquarela de Roque Gameiro.

Sempre me pergunto se alguma das histórias que ouvi dos meus tios ou até mesmo da minha bisavó tinham alguma forma de serem confirmadas, porque ao analisar cada pedaço de informação ficava mais encantado ainda com os relatos, algum tempo após começar a conhecer essas histórias continuo me encantando por tais relatos e acontecimentos. Lembro-me de certa vez ouvir que os antepassados de vô Elizeu haviam fugido da Europa, pois estavam sendo perseguidos “numa guerra por serem de origem judia”, essa história me deixou curioso, pois não me recordava de ter ouvido falar sobre perseguições aos judeus com exceção ao episódio do Holocausto, mas então resolvi pesquisar: durante esse intento fui descobrindo que havia registro da presença destes em territórios portugueses e espanhóis, e que devido a conflitos internos esses judeus foram expulsos dos territórios hispânicos e posteriormente lusitanos, principalmente devido a um acordo matrimonial entre D. Manuel de Portugal com uma princesa espanhola, este acabou por promulgar um decreto dando prazo de 10 meses para os judeus deixarem os territórios portugueses. Muitos desses que fugiram de Portugal acabaram por vir para o Brasil e aqui se estabeleceram principalmente nas terras do nordeste brasileiro. Mesmo tendo estes empreendido fuga para além mar afim de não serem mais perseguidos pelo TSOI – Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, encontram-se publicadas as documentações conhecidas sobre três visitações: entre 1591-1795 (Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba), 1618-1620 (Salvador e Recôncavo baiano) e 1763-1769 (Grão Pará e Maranhão). Então assim temos “confirmações” desses relatos sobre essa tal perseguição por serem de origem judia. Recentemente ouvi relatos sobre os antepassados de vó Sinhá onde no decorrer da conversa fui informado de que o pai dela João Torquato era de origem espanhola, agora resta buscar saber se estes antepassados também eram de origem judia e se foram perseguidos.


Texto: Profº. Pesquisador André Almeida, 2020.



Fonte: 

http://historialuso.an.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5139&Itemid=334

https://www.sciencedaily.com/releases/2012/05/120525103750.htm,

http://www.cidadeimaginaria.org/bib/JudeusCaldas.pdf


segunda-feira, 1 de junho de 2020

Como não amar Nova Soure e sua gente?

Nova Soure 76 anos de emancipação política

O que dizer de uma cidadezinha do interior da Bahia sem muita expressão no âmbito nacional? Mas com forte influência nas vidas daqueles que a conhecem e a amam!


Fotos da Sede de Nova Soure - Ba, vista aérea, foto da Igreja Matriz e foto do Mercado Municipal


As pequenas cidades do interior do Brasil sempre tem algo a nos ensinar, seja por sua gente acolhedora, seja pela sua culinária, seja pela sua cultura no geral. Sempre nos deparamos com algo que nos cativa nesses lugarejos e com Nova Soure no sertão baiano não é diferente. Cidadezinha distante da capital Salvador cerca de 240km, mas que tem em sua gente e em sua história muito o que nos ensinar. Cidade essa que já foi representada numa das grandes guerras mundiais, que já enfrentou canguaceiros, já viu inclusive um líder messiânico na figura do Conselheiro eregir uma capela que viria a ser sua Igreja Matriz, suportou e venceu a grande seca, viu seus primeiros habitantes da etnia Kiriris serem catequizados e posteriormente serem expulsos de seus territórios. Cidadezinha essa que possui a maior biblioteca rural do mundo, a Biblioteca do Paiaiá. A sua economia é basicamente agro familiar, pouco desenvolvimento tecnológico, mas com grande potencial desde que sejam bem explorados os recursos existentes.
O município surgiu do trabalho de catequização dos jesuítas, que uniram cinco aldeias em uma só, denominada Natuba, que em tupi-guarani significa "rio que não seca". Acredita-se que os indígenas da tribo dos Kiriris deram esse nome devido à aldeia ter ficado localizada nos arredores de um brejo,banhado por um riacho perene. Com a catequização e a junção de elementos portugueses, foi dada à aldeia o nome de Nossa Senhora da Conceição do Natuba. O município foi emancipado em 1754, e em 1758 recebeu, através de Carta Régia de 8 de maio de 1758, o nome de Vila de Nova Soure. Posteriormente teve o nome abreviado para Soure.
Em nossa amada cidade são realizados os festejos juninos sendo referência em toda a região, sempre inovando tanto com atrações maravilhosas quanto nos ornamentos para o período. A sua gente acolhedora torna este município único em toda a sua extensão. Assim como todo o restante do mundo Nova Soure sofre devido aos efeitos da pandemia de corona vírus, mas sua gente brava e guerreira não se entrega nem desiste de continuar lutando.
Parabéns Nova Soure pelos seus 76 anos de emancipação politica, de luta e história.



Texto.: Profº. Pesquisador. André Almeida, 2020


terça-feira, 5 de maio de 2020

Povoado Melancia - Nova Soure, Ba

Vista da rua principal do povoado com a Igreja em honra a São Sebastião em destaque.
Foto: autor desconhecido
[Como se forma uma comunidade? Quais os processos que passa um determinado local até chegar no status de comunidade? Nessa publicação vamos explicar através de relatos de alguns dos moradores nativos como surgiu a Comunidade da Melancia.]

Segundo as informações coletadas com moradores dessa localidade, essa povoação começou por volta dos anos 1920 com três irmãos, Elizeu Ferreira, Jonas Lino e Francisco Ferreira estes filhos de José Lino  de Oliveira e bisnetos do Capitão José Ferreira de Carvalho fundador da cidade de Araci no sertão da baiano. De acordo com relatos o primeiro morador foi Elizeu que adquiriu uma propriedade no local, a antiga Fazenda Melancia e ali estabeleceu moradia, mais precisamente na "cabeceira" da ladeira da Melancia na estrada que segue sentido ao Povoado do Paiaiá, enquanto seus irmãos também adquiriram propriedades próximas a ele. Jonas adquiriu uma propriedade conhecida como Gruta do Tomé, pois quem tomava conta era um senhor de nome Tomé, enquanto que Francisco foi para a localidade conhecida como Capim do Balaio, na mesma estrada que liga o povoado do Paiaiá ao povoado da Melancia. Em 1949, Elizeu já possuía propriedades na localidade conhecida como Tanque Novo, então vendeu suas propriedades da antiga fazenda Melancia a seu irmão Jonas e foi embora com toda sua família para o Tanque Novo(abordaremos melhor sua trajetória em outro texto).
Ainda de acordo com os relatos alguns moradores foram fixando moradia na Melancia com o auxílio de Elizeu, já que este começou a ceder terras para aquelas famílias que trabalhavam nas propriedades dele, pois muitas moravam longe e com essa prática ele mantinha sempre a mão de obras, ali por perto e desse modo foi surgindo o povoado e ganhando características próprias até os dias de hoje se moldando de acordo com suas necessidades, cultura e saberes. Além destes três irmãos um tempo depois a irmã deles Teodora e seu esposo Migdônio também foram morar no povoado. 
Fato curioso foi que estes três irmãos casaram com três irmãs oriundas do Povoado Icó Miúdo, estas filhas de João Torquato e Joanna Pereira (falaremos mais do clã Torquato em outro texto). E assim deram inicio a uma imensa linhagem. Elizeu casou-se com Maria Alves de Jesus (Sinhá), Jonas casou-se com Maria José Pereira da Silva (Fia) e Francisco casou-se com Áurea Pereira da Silva (Nina).

Texto: Profº. André Almeida adaptação de relatos de moradores, 2020.

sábado, 11 de abril de 2020

POVOADO SÃO MIGUEL DE NOVA SOURE

Vista aérea do centro do Povoado São Miguel atualmente: fotografo desconhecido.

[Como se forma uma comunidade? Quais os processos que passa um determinado local até chegar no status de comunidade? Nessa publicação vamos explicar através de relatos de um dos moradores nativos como surgiu a Comunidade do São Miguel.]


Diálogo com Tio Dorgival de Oliveira  

"...Só sei que quando eu fui tentar adquirir, tinha acabado de chegar de São Paulo [mais esperto] e fui saber como é que conseguiria comprar essa fazenda, porque a fazenda tem rio dentro aí me informaram que não tinha condições porque ela foi retirada de um e entregue a outro, por abandono, que não tinha jeito, principalmente hoje, aí aqueles documentos que eles adquiriram naqueles tempos naqueles cartórios eles grilavam1, iam no cartório davam dinheiro pro escrivão, não tem boca não2É mais fácil conseguir a de Portugal do que a daqui, porque a de Portugal está lá e  sabendo que tem o museu no Porto, com certeza tem riquezas em ouro e tudo mais, era o que pai dizia, aí um dia eu perguntei, por que seu pai não foi lá? Então ele respondeu não, é que na época nós tínhamos a notícia pela gazeta3 e não podia ir porque estava em guerra civil. Teve essa guerra civil em Portugal? Deve ter sido! Aquela briga territorial entre Portugal e Espanha. Teve a guerra da Espanha com o Brasil, quando os espanhóis foram expulsos. 
Em relação a povoação do São Miguel tinham duas casas, a casa da fazenda que estava de pé, tinha o finado Virgílio (pai do finado Silú) e o povo da finada Lira. Depois foi chegando o resto do povo. 
[Essa história de Antônio Gago que dizia que quando morava aqui e depois foi chegando o povo do finado Elizeu?] 
Não! Quem morava ali era o pai de Silú, finado Virgílio. E aí  existia a fazenda e a estrada que descia para a Quixabeirinha encostado a Maurício (pai do conhecido comerciante local Antônio Gelado) tudo era cerca da antiga fazenda, a cerca passava ali encostada na guia da igreja e aqui só tinha uma casa que eu lembro que era a casa do finado Virgílio e a casa da finada Lira lá pra baixo o resto era tudo tronco velho encostado onde hoje é o Povoado do Beré, antigamente chamavam de Tronco Velho da Caatinga de Cheiro, aí era a divisa da fazenda. Aí vô Elizeu comprou todas essas terras da fazenda onde hoje tem os terrenos que pertencem aos filhos. Tudo isso foi comprado a Bentiví, só que essas terras descendo aqui , só que o limite não era essa estrada aqui, o limite era lá na Roça do Estado como era conhecida. Jurití pertencia ao Campo Frio, Fazenda Campo Frio e das mangueiras (atual fazenda de Elizeu no Tanque Novo) por exemplo do lado de cá  pertenciam ao Estado, então tudo que tem pra cá do Tanque Novo até o São Miguel pertenciam ao estado, na época um posseiro só podia ter uma terra no caso uma fazenda não importando o tamanho, então Bentiví optou por lá porque os terrenos eram melhores, aqui só tinha formiga e Saruê4então ele devia um dinheiro a pai (Elizeu) aí pai cobrou e ele disse que só se ele ficasse com a fazenda! Mas a realidade é outra, depois eu descobri que na verdade ele ofereceu a fazenda porque não podia ficar com duas, tudo bem que ele devia dinheiro, mas só entregou a fazenda porque o estado exigiu, ele só entregou a fazenda porque não podia ficar com as duas fazendas realmente ele devia um dinheiro, mas aí optou por lá, ali onde mora o filho Zé de Bentiví ali na estrada que desce para a Quixabeirinha, lá no Tanque Novo pro lado de cá é terreno do estado no caso era! Ali onde é o terreno do finado Edgar, a minha roça que chamamos de Estado o lado direito da estrada que desce para a Quixabeirinha pertencia ao Estado e essa estrada que desce para o Tiósque não existia, aí existia um corredor Essa eu lembro bem a gente (os índios) saíam da caatinga e caíam nessa estradinha que chamavam de trilha, depois foi que ampliaram e começaram a passar carros ali para a Melancia, mas antes tudo era por lá. A fazenda era grande, mas depois foram dividindo em pedaços e o governo do estado foi dando posses para cada um."

1. Ato de envelhecer documento para obter privilégios de forma ilícita.
2. Jargão muito utilizado na região norte/nordeste da Bahia para designar que algo não tem jeito.
3. Gazeta, um periódico, usualmente em formato de tablóide, especializado em algum tema específico. Informativo de grande circulação no período do Brasil colonial.
           4. O gambá-de-orelha-preta, saruê ou sarué (Didelphis aurita) é uma espécie de gambá que habita o Brasil, Argentina e Paraguai. Podendo atingir 60 a 90 centímetros de comprimento e pesa até 1,6 kg, alimenta-se praticamente de tudo o que encontra: insetos, larvas, frutas, pequenos roedores, ovos, cobras, escorpiões, etc.

Texto: Professor André Almeida, 2020

domingo, 22 de março de 2020

"NÃO ESQUEÇA DO HOMEM DA CRUZ."

Lembro-me de quando morava com minha bisavó Sinhá (in memorian) dela sempre fazer recomendações a todos, em especial a tia Luzia (in memorian). Mãe como a chamávamos sempre dizia: "Olhe lá não se esqueça do homem da cruz...". E durante muito tempo eu não entendi o seu real significado, mas com o passar dos anos fui juntando as peças. Nascida e criada segundo os costumes cristão do catolicismo ela fez dos ensinamentos bíblicos um padrão de vida e os transmitiu aos seus descendentes e assim me mostrou quem era o tal "homem da cruz", este era nada mais nada menos do que alguém que batia a sua porta em busca de um prato de comida pra si ou para seus filhos, aquele que mais cedo ou mais tarde precisava de uma ajuda.
Sendo assim ela nos ensinou que jamais devemos nos esquecer "do homem da cruz"

Texto e foto: Prof. André Almeida, 2020

TU TE AQUETA!

Antônio Conselheiro

Em conversa com um primo de 4º grau o Migdônio Neto residente em Araci, Ba ele me contou uma história um tanto quanto pitoresca se analisarmos os fatos e as possíveis provas. Ele me disse:
"Tem um livro chamado A guerra do fim do mundo de Mario Vargas Llosa que é um romance histórico sobre a Guerra de Canudos. Aí tem um capítulo que se passa em Nova Soure que é a passagem de Antônio Conselheiro lá em Nova Soure. Praticamente começou a guerra lá. Não sei esse personagem realmente existiu ou se foi só do romance que ele escreveu que é chamado Leão de Natuba, que quando ele passa pra lá tinha um sujeito que era meio baixinho, cabeçudo e aí parecia uma espécie de leão, era algo anormal e aí era todo marginalizado quando Antônio Conselheiro passou por lá esse rapaz está quase sendo morto por uma acusação lá, só sei que Conselheiro consegue salvar ele e ele acompanha o Conselheiro pra Canudos aí tem uma boa parte que passa em Nova Soure".
Consegui uma cópia do trabalho de Vargas Llosa e pude dar uma lida em trechos que tratam do tal sujeito e assim pude perceber que o Leão de Natuba pertence ao círculo mais próximo ao Conselheiro, e tendo aprendido a ler quase sobre-naturalmente, é quem lhe registra todas as palavras, é o escriba de Canudos e é um indivíduo deformado, que anda como um animal, utilizando pés e mãos (seu maior mal, no entanto, é não ter fé).

"O Leão de Natuba. Outro íntimo, outro apóstolo do Conselheiro. Lia, escrevia, era o sábio de Canudos." (Mário Vargas Llosa)

Trecho do Livro A Guerra do Fim do Mundo

"Por isso tampouco ele conseguia dormir. O que ocorreria? Outra vez a guerra estava próxima e, agora, seria pior que quando os escolhidos e os cães se enfrentaram em Tabolerinho. Brigaria nas ruas, haveria mais feridos e mortos e ele seria um dos primeiros a morrer. Ninguém viria salvá-lo, como o tinha salvado o Conselheiro de morrer queimado em Natuba. Por gratidão tinha partido com ele e por gratidão continuava preso ao santo, saltando pelo mundo, pese ao esforço sobre-humano que para ele, deslocando-se a quatro patas, significavam essas longuíssimas travessias. O Leão entendia que muitos tivessem saudades daquelas aventuras. Então eram poucos e tinham ao Conselheiro exclusivamente para eles. Como mudaram as coisas! Pensou em quão milhares o invejavam por estar dia e noite junto ao santo. Entretanto, tampouco ele tinha ocasião já de falar a sós com o único homem que o tinha tratado sempre como se fosse igual à outros. Porque nunca tinha notado o Leão o mais ligeiro indício de que o Conselheiro visse nele a esse ser de espinhaço curvo e cabeça gigante que parecia um estranho animal nascido por equívoco entre os homens. Recordou essa noite, nos subúrbios do Tepidó, fazia muitos anos. Quantos peregrinos havia ao redor do Conselheiro? Depois das rezas, tinham começado a confessar-se em voz alta. Quando lhe tocou o turno, o Leão de Natuba, em um arrebatamento impensado, disse de repente algo que ninguém lhe tinha ouvido antes: [Eu não acredito em Deus, nem na religião. Só em si, pai, porque você me faz sentir humano]. Houve um grande silêncio."

Fonte: Livro A Guerra do fim do mundo, Mário Vargas Llosa
IMAGEM: http://www.centrosabia.org.br/noticia/a-fe-na-defesa-da-vida-e-dos-biomas-brasileiros-antonio-conselheiro-padre-cicero-e-padre-ibiapina

Texto: Profº. André Almeida, 2020.

ORIGENS DA VILA NATUBA E SUA MÍSTICA


"Nova Soure era uma aldeia de índiosPombal também do mesmo povo, então os mesmos missionários que vieram para Nova Soure também vieram para Pombal! Devido as duas aldeias! Então eles fundaram Nova Soure com a igrejinha, diz que tinha até um pequeno convento e essas coisas todas. No ano que eles foram expulsos, que teve aquele negócio todo, eles enterraram muita coisa que não puderam levar! Eles tinham muitas imagens, ouro e tudo mais, inclusive meu pai falava que quando teve a restauração da igreja de Nova Soure quando fizeram algumas escavações encontraram muitas moedas que eles tinham deixado lá e deve ter coisas que não encontraram! Na escavação não encontraram."  (Relatos de meu primo Migdônio Neto, Araci/Ba, 2020)


Um pouco de História - De índios a súditos d’el Rei


A criação da vila de Nova Abrantes, no litoral da Bahia, a cargo do juiz de fora João Ferreira de Bittencourt e Sá, teve lugar na aldeia do Espírito Santo de Ipitanga, localizada a apenas 7 léguas da capital (aproximadamente 42 Km). A aldeia foi fundada pelos jesuítas em 1558 reunindo majoritariamente índios do grupo Tupinambá falantes da chamada “língua geral” da costa9.
Já a criação da vila de Nova Soure, no sertão da capitania, teve lugar na aldeia de Natuba, fundada por volta de 1666 com índios da nação Kiriri. Para dar maior celeridade à criação desta vila, devido à sua localização, foi escolhido um ministro que residia em Cachoeira, no recôncavo baiano, o juiz de fora José Gomes Ribeiro, pois a aldeia se situava a cerca de 50 léguas (300 km) da cidade de Salvador. De acordo com um esboço elaborado pelos membros do Conselho Ultramarino residentes na Bahia, em 1758, a distância da vila da Cachoeira até a aldeia de Natuba era menor, cerca de 40 léguas, ou seja, aproximadamente 240 km10.
Fonte: http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=275

Texto. Profº. Pesquisador André Almeida, 2020

quarta-feira, 18 de março de 2020

LAMPIÃO NA TERRA DO NATUBA

Correu a sete bocas uma estória contada por traquinas na casa de Dona Sinhá, que Lampião, cabra da peste, mais conhecido como Capitão Virgulino, o tal Rei do Cangaço, esteve por aquelas bandas armado até os dentes, filho de uma rapariga ainda levava estampado nos documentos o nome de nossa família, Ferreira e também o Silva, mas acredito que nem tetra-primos era ele de meu tetra-avô. 
Meu primo Arestides que agora encarnou de vez o Antônio Conselheiro me disse com voz grave Ramalhiana... 
...“...sobre a história de Lampião, não teve e jamais teve contato com nossa família nem dos Pereira e nem dos Ferreira, a história que meu pai contou foi que Lampião chegou na Fazenda do Estado passando no Seremão e foi direto para o Paiaia, agora Antônio Conselheiro sim, inclusive foi compadre de sua bisavó Joana Pereira....” 
E cá estava eu a imaginar tiros de espingarda por toda parte, cachorro correndo e ganindo pelas ruas de areia, a mulherada fechando as janelas escondendo seus moleques debaixo da mesa da cozinha e o magricela do João Grilo tocando sua gaita encantada na pracinha.

TEXTO: Prof. Tadeu Almeida,2020.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

A EXPERIÊNCIA DA VIDA



De todas as experiências que o Homem pode passar em plena consciência de sua existência, morrer é a que mais causa inquietude e sentimentos de impotência, mesmo sabendo que este é o destino de todos os seres vivos.
Nenhuma promessa feita, nenhum ouro escavado, nenhum segredo revelado será tão verdadeiro quanto à morte.
Na verdade, o morrer é um fardo que o Homem carrega sozinho e não o divide com nenhum outro organismo do planeta, pois o Homem é o único ser na Terra que realmente morre, todos os outros não, pois eles não tem a consciência da experiência de sua futura não existência.
Porém a morte não é o fim, ela só irá existir nas emoções daqueles que ficam fiéis aos sentimentos deste experimento único.
Morte mesmo não é para aquele que tem sua vida findada em reações biológicas, movimento físico, respiração seguida de batimentos cardíacos, morre aquele que quando chegar ao fim de sua existência fica esquecido.
Morre aquele que no chegar do fim nunca é lembrado pelo vazio de sua não obra.

TEXTO: Prof. Tadeu Almeida, 2019

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

2 DEDOS DE PROSA

Bom, hoje vou contar sobre os dois dedos de prosa que tive com a prima Cristina Rodrigues, mas antes quero dividir uma questão que não sai da minha cabeça.
Fico pensando. Se a frase "dois dedos de prosa" vem de um costume nordestino de se comprar a cachaça numa medida de dois dedos, o indicador e o médio medidos na horizontal, num copo chamado Americano e bebericar lentamente a cachaça no balcão dos botecos proseando com os amigos, algo não está se encaixando nesta história.
Na verdade o copo Americano tem 250ml e o que chamamos de Americano é o Lagoinha de 150ml, a cachaça sempre é sorvida de uma só vez, então rapidamente o bebedor pode ir embora do local sem nenhuma prosa com ninguém ou teria que tomar mais doses de cachaça para uma prosa. Acredito também que depois de muitos goles já não se converse com alguém nada que faça sentido.
Porém, eu que não faço uso de bebida alcoólica na beirada do balcão de nenhum boteco, penso que os dois dedos a que posso me referir são os polegares que uso para digitar no meu smartphone. O que não deixa de ser uma forma de cachaça digital, pois vicia igualmente, mas numa coisa eu me saí bem com toda esta tecnologia avançada, nunca fiz curso de datilografia.
Imagina quanto tempo e dinheiro perdido para treinar dez dedos num teclado de 104 teclas e hoje em dia só usar dois dedos para se ter “dois dedos de prosa”.
Ah! sobre a prima Cristina, ela me deu a seguinte informação da Família  Rodrigues de Almeida e seu ramo familiar:

AVÓS MATERNOS: José João de Almeida e Josefa Rodrigues de Almeida – nossos avós em comum
Mãe: 9.Angelita Rodrigues de Almeida e ...
TIOS MATERNOS: 1.Liomar Rodrigues de Almeida(Leonor), 2.Pedro Rodrigues de Almeida, 3. João Rodrigues de Almeida, 4.Adelaide Rodrigues de Almeida(Delinha), 5.Joãozinho(falta nome completo), 6.Antônio Rodrigues de Almeida, 7.Maria(falta nome completo), 8.Maria(falta nome completo)

Cristina também me contou que nunca escutou alguém na família falar sobre nossos antepassados, ou mesmo falar de qual cidade ou país vieram os Rodrigues e os Almeida.

Texto: Prof. Tadeu Almeida, 2020
Revisão: 10/02/2020
Imagem:https://diariodoengenho.com.br/wp-content/uploads/2014/02/Armazem.jpg

Em busca de João Torquato e Joana Pereira

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